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Enquanto o Seu Lobo não vem... Uma menina me disse:
Enquanto o Seu Lobo não vem... Uma menina me disse:
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Ele é todo enorme
É peludo e fofo
Sua voz é firme e grossa
Tem a língua habilidosa
Ouve melhor
Vê melhor
Fareja melhor
E no final ainda nos come melhor!
As mulheres passam a vida sonhando com Príncipes Encantados fugindo do Lobo Mau, e caindo nas garras de patéticos sapos desencantados... É sério. Constatação fruto da observação continuada nos meus 23 anos de vida. Elas sonham, fantasiam, idealizam, almejam, desenham... E o cara perfeito nunca aparece. Àquele ser lindo, inteligente, bem de vida, comunicativo (mas não mais do que nós), charmoso (mas não mais do que nós), bem-sucedido, de quem podemos nos orgulhar, não existe. E quando se depara com isso a mulherada pira e cai nas garras do primeiro sapo disfarçado de Príncipe amaldiçoado que aparece. E daí é uma vida inteira tentando transformar o sapo em Príncipe. Haja ilusão. Haja desilusão!
Porque ninguém quer o Lobo Mau?
Veja bem... Ele é sincero... Você sabe que ele quer é te
comer. Mas não é isso que você quer dele no final, que ele te coma gostoso? Te
faça uivar, gemer, gritar, delirar?. Pois é... Ele também quer.
Lobo Mau nunca tá comprometido, o que o torna perfeito para todas as
ocasiões... Portanto ao contrário do sapo, nunca te trai. É quase aquele conjunto (bolsa, sapato
e vestido) estratégico que toda mulher tem no armário. Não sabe o que usar? Vai
de Lobo Mau. Não sabe o que comer? Vai de Lobo Mau. Enfim, use e abuse. Só não
se apegue, porque Lobo Mau que se preze desaparece ao primeiro sinal de apego.
Lobo Mau costuma ter um bom papo. Ele sempre te ouve, te
vê, te fareja... É aquela coisa!. Incrível como ele sempre nota o corte novo to
teu cabelo, o perfume diferente, aquela roupinha encantadora. Excitante e
sedutor, ele é um coringa feminino.
A única contra-indicação:
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Histórias infantis:
Quem tem medo do
Lobo Mau?
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No século 16, os contos de fada
não eram brincadeira de criança. Sexo, violência e fome apimentavam as tramas
inventadas por camponesas nas poucas horas de diversão.
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E se o
lenhador não chegasse no fim da história para salvar Chapeuzinho Vermelho e sua
vovozinha? E se a menina, antes de ser devorada pelo Lobo Mau, ainda fosse
induzida por ele a beber o sangue da avó, além de tirar a roupa e deitar-se nua
na cama? Você contaria tal historinha a seu filho? Os camponeses da França do
século 16 contavam - e os detalhes violentos e libidinosos desta e de outras
histórias que povoam o nosso imaginário infantil não param por aí. Se você
nunca ouviu as versões apimentadas, foi por obra e graça de escritores como o
francês Charles Perrault, os alemães Jacob e Wilhelm Grimm e o dinamarquês Hans
Christian Andersen, que entre o fim do século 17 e o início do século 19
pesquisaram, recolheram e adaptaram as histórias contadas por camponesas
criadas em comunidades de forte tradição oral.
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Chapeuzinho
Vermelho, Cinderela, Branca de Neve, João e Maria, A Bela Adormecida e outros
contos de fadas tão familiares foram passados de geração para geração por
trabalhadores analfabetos, que se sentavam à noite em volta de fogueiras para
contar histórias. Nestas reuniões, chamadas de veillées pelos franceses, as
mulheres narravam seus casos enquanto fiavam e teciam, o que originou
expressões como "tecer uma trama" e "costurar uma
história". Os homens consertavam suas ferramentas ou quebravam nozes. No
universo dos camponeses franceses pré-Revolução, nos séculos 17 e 18, não havia
tempo para descanso. Durante o Antigo Regime, diversão e trabalho misturavam-se,
como na história da pobre Gata Borralheira.
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Sem papas
na língua, as contadoras de histórias caprichavam nos detalhes, digamos,
escabrosos. Na versão original, A Bela Adormecida, por exemplo, foi violada por
um anão durante o sono. Isso acontecia porque, naqueles tempos, essas não eram
exatamente histórias infantis. "Era uma cultura rústica. Não havia
distinção entre infância, adolescência e idade adulta. As crianças vestiam-se
como adultos, ouviam e falavam como adultos, participavam do mundo do trabalho
e do mundo familiar como adultos", diz o historiador Antônio Edmílson
Martins Rodrigues, professor das universidades UERJ e PUC-RJ. "Esses
contos eram galhofas, que serviam para unir a comunidade, mas já com a função
de educar: não saia da estrada, obedeça ao mais sábio, não ande sozinho à
noite, é que o diziam", completa.
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Tanta
inspiração nascia do cotidiano: a segurança da casa e da aldeia opunha-se aos
perigos da estrada e da floresta, como em Chapeuzinho Vermelho. A crueldade
fazia parte do roteiro pois era pobreza e morte que se esperava do mundo no
século 16. A
fome, o maior mal daquele tempo, protagonizava muitas das narrativas, como em
João e Maria, em que os pais abandonam as crianças na floresta por não ter como
alimentá-los. "De forma simbólica ou realista, produtos culturais
tematizam valores e aspectos sociais. Por isso é fácil ouvi-los ou lê-los e
deixar-se envolver por eles", diz Marisa Philbert Lajolo, professora de
Teoria e História Literária da Unicamp. "O exemplo clássico é ver no abandono
de Joãozinho e Maria tanto o registro de um comportamento adulto em época de
grande fome quanto a representação do medo infantil de ser abandonado".
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O mundo
dos contos de fada só fica cor-de-rosa quando começa a ser feita a distinção
entre infância e vida adulta. "A invenção da infância ocorre no século 18,
quando as casas são separadas em quarto, sala e cozinha, e as tarefas e
interesses também começam a ser divididos. É quando a redenção chega aos contos
e se enfatiza o final feliz", diz Antônio Edmílson. Foi nesse momento da
história que entraram em ação Perrault, os irmãos Grimm e, mais tarde,
Andersen. Eles não foram os primeiros a passar para o papel as histórias dos
camponeses, mas foram os mais bem-sucedidos em sua adaptação ao gosto da
nobreza e das crianças. Perrault, por exemplo, incluiu comentários sobre os
costumes e a moda das elites em suas versões para dar uma cara à nação
francesa.
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O que o
escritor fez em seu Contos da Mamãe Gansa, de 1697, de certa forma foi o que os
contadores faziam nas aldeias: adaptou um fio condutor comum a sua realidade,
eliminando detalhes violentos ou de conteúdo sexual - e incluindo a "moral
da história". A adaptação ao gosto do contador, aliás, é uma marca que
atravessa os tempos. Em uma história da China do século 9, por exemplo, uma
moça chamada Yeh-Hsien é ajudada por um peixe mágico, que lhe dá chinelas de
ouro para a festa da aldeia. Na volta para casa, ela perde uma das chinelas,
que vai parar nas mãos do governante. No fim, o chefe local apaixona-se pelos pés
pequenos de Yeh-Hsien, em consonância com os costumes chineses de enfaixar os
pés das meninas para que não crescessem. As diferenças culturais estão claras,
mas pode-se reconhecer as origens de Cinderela no conto. "Uma história
contada oralmente pode ser adaptada à situação e aos ouvintes. Já um conto
escrito tem sua forma fixada. Mas o que a escrita fixa, o leitor e o ouvinte
reescrevem, adaptando à sua própria experiência", diz Marisa Lajolo. É,
quem conta um conto sempre aumenta um ponto, seja na China do século 9, na
França do século 18 ou nos dias de hoje.
Chapeuzinho vermelho
Na França
do século 18, Chapeuzinho Vermelho não usava um chapeuzinho vermelho. E o Lobo
matava a vovó, enchia uma jarra com o seu sangue e fatiava sua carne. Quando a
menina chegava, ele, já travestido, mandava que ela se servisse do vinho e da
carne. Depois, pedia à menina para se deitar nua com ele. A cada peça de roupa
que tirava, Chapeuzinho perguntava o que fazer, e o lobo respondia: "Jogue
no fogo. Você não vai precisar mais". E ela não perguntava dos olhos,
orelhas ou nariz do algoz. Dizia, sim: "Ah, vovó, como você é
peluda!", ao que ele respondia: "É para me manter mais
aquecida". Citava ainda seus ombros largos e suas unhas compridas, em comentários
sensuais, antes de dizer: "Ah, vovó! Que dentes grandes você tem!". E
a história terminava com o lobo devorando a garota. Sem caçador para salvá-la,
sem final feliz e sem medo de mexer com tabus.
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Na versão
dos irmãos Grimm, do início do século 19, não tem banquete canibal, nem
strip-tease ou mortes. Chapeuzinho, incitada pelo Lobo, desvia-se do caminho
para colher flores. Enquanto isso, o lobo devora a vovozinha e veste suas
roupas. Quando a garota chega, faz as perguntas clássicas: Por que a senhora
tem orelhas tão grandes?" É para te ouvir melhor", responde o Lobo, e
assim sucessivamente, passando pelos olhos, o nariz e as mãos, até a pergunta
fatal: "Por que a senhora tem essa boca enorme? "É para te
comer!", diz o Lobo, devorando-a. Os Grimm incluíram na trama ainda a figura
do caçador, que corta a barriga do Lobo e liberta a avó e a neta. Chapeuzinho
então joga pedras na barriga do Lobo, que morre. E aprende a obedecer a mãe, a
andar sempre no caminho certo e a não dar papo para lobos.
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Incesto,
assassinato, mutilação... Assim eram as versões primitivas de Cinderela. Em uma
das histórias, a moça vira empregada para fugir do assédio sexual do pai. Em
outra, a madrasta, tentando matar a enteada, joga uma de suas filhas na
fogueira. Numa terceira, a madrasta deixa Cinderela sem comer, numa época em
que a fome rondava as aldeias. Há outra, registrada por Giambattista Basile na
coletânea Pentameron, do início do século 17, em que o pai de Cinderela casa-se
com uma mulher que a trata mal, quando ela queria que ele se casasse com a
governanta. Cinderela, então, assassina a madrasta.
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A versão
dos irmãos Grimm para Cinderela ainda era sangrenta. Nela, a Gata Borralheira
plantou uma aveleira no túmulo da mãe e a regou com lágrimas. Na árvore morava
um pássaro, que a cobriu de ouro para três dias de baile. No terceiro dia, o
príncipe pegou o sapatinho da desconhecida. Na hora de experimentar nas
donzelas do reino, uma irmã de Cinderela cortou o dedo do pé e a outra o
calcanhar. Claro, o sapatinho só serviu na dona. E, no dia do casamento, duas
pombas perfuraram os olhos das irmãs. Na versão de Perrault, famosa hoje, não
há mutilações, cegueira ou pássaros mágicos. E, sim, uma fada-madrinha.
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Em
relatos franceses e espanhóis do século 14 ao 16, os detalhes de A Bela
Adormecida arrepiam. O príncipe encantado já é casado e viola a princesa
durante o sono. Ela tem dois filhos com ele, ainda dormindo, e é despertada não
por um beijo, mas pela mordida de um dos filhos enquanto os amamenta. A sogra
do príncipe descobre tudo e tenta matar e comer a princesa e as crianças
bastardas.
No início
do século 17, o italiano Giambattista Basile escreveu a Pentameron, com sua
versão para A Bela Adormecida, intitulada O Sol, a Lua e a Tália. A princesa
chamava-se Tália, e seus filhos Sol e Lua. Ela dorme após espetar o dedo, e é
acordada quando o filho suga a farpa. A versão se assemelha à da tradição oral,
com a diferença de que é a esposa do príncipe que manda matar a princesa. Já no
fim do século 17, em Contos da Mamãe Gansa, Perrault publica A Bela Adormecida
no Bosque, em que um príncipe, belo e solteiro, desperta a princesa. A versão
popular hoje é dos irmãos Grimm, do século 19. A princesa pica o dedo no
fuso, dorme cem anos e acorda com um beijo do príncipe encantado.
Saiba mais:
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Livros
Livros
• Da Fera
à Loira: Sobre os Contos de Fadas e seus Narradores, Marina Warner, Companhia
das Letras, 1999. Análise de várias versões de contos de fadas.
• Contos
de Grimm, volumes 1 e 2, Jacob e Wilhelm Grimm, Editora Ática, 2003. As versões
dos irmãos alemães para 17 contos de fadas famosos.
• Histórias
ou Contos de Outrora, Charles Perrault, Landy, 2004. Versão completa de contos
como Cinderela e A Bela Adormecida no Bosque.
• A
Princesa que Dormia, Charles Perrault, Jacob e Wilhelm Grimm e Giambattista
Basile, Editora da Unisc, 1996.
A Bela Adormecida em suas três versões.
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EMANUEL NUNES SILVA – FACE BOOK:
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ALGUMAS MATÉRIAS DESTE
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01 • A
MUDANÇA
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02 • Energia Nuclear
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03 • Símbolos
Nacionais
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30 • Marianne
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